Lições pra uma vida inteira...

terça-feira, 2 de março de 2010



... existem inúmeras experiências que nos trazem lições que, por mais que pareçam insignificantes naquele dado momento, servirão como base para toda a nossa vida. A primeira lição que aprendemos é que não dá pra viver sem respirar. Quando saímos do útero materno é imprescindível que nossos pulmões funcionem a pleno vapor. É como se nosso cérebro dissesse a eles: Vamos lá garotos! A hora é essa! E realmente a hora é aquela. Acredito que o choro de um recém-nascido não seja de dor ou de reclamação. Penso que seja a forma que encontramos pra extravasar a felicidade de nossa primeira conquista: a vida.
Com certeza, essa é uma das inúmeras batalhas que ainda temos que travar para sobreviver. Nos três anos que se seguem após aquela primeira experiência no campo de guerra da vida, somos preparados para encarar muitas outras que ainda estão por vir. Somos ensinados a falar, treinados pra se comportar e incentivados a andar. Então chega o fatídico dia em que somos apresentados a um novo mundo.
Em nosso primeiro dia na nova realidade nos deparamos com outras criaturas que tem o mesmo tamanho que nós, choram como nós, brincam como nós e acima de tudo tem as mesmas necessidades que nós. Nesse lugar existe tambem um ser que tenta se passar por nossos pais, mas pra nós é óbvio que ele é apenas um desconhecido fazendo gracinhas na vã tentativa de nos fazer parar de chorar.
Chega o momento em que percebemos que aquele mundo agora é a nossa realidade. Descobrimos que ele chama-se escola, que aquelas criaturas parecidas conosco são nossos “coleguinhas” com os quais teremos que conviver diariamente e que os seres que pretendiam substituir nossos pais são nossos professores.
Os próximos 14 anos de nossas vida são vividos intensamente nesse ambiente. Percebemos que aprender não é o suficiente pra viver. Além de entender porque ocorrem os terremotos, porque existe um dia após a noite, porque chove etc., precisamos aprender a conviver. São 14 anos rápidos como um relâmpago mas que nos deixam ensinamentos pra uma vida inteira. Temos nossas primeiras paixões, nossos primeiros desentendimentos, adquirimos nossas primeiras convicções e descobrimos o que queremos ser quando crescer.
A profissão que pretendemos seguir é, sem dúvida alguma, a decisão mais importante que precisamos tomar nesse período. Então é chegada à hora de mais uma batalha: o vestibular. Noites de sono perdidas, dias repletos de aulas suportados com muita cafeína, finais de semana trancafiados em casa na companhia de pilhas de livros, convites recusados, pressão familiar, nervos à flor da pele. Tudo isso pra quê?
É chegada a hora de fazer a inscrição. Que curso escolher? Ser médico como os meus pais ou realizar meu sonho de ser advogado? Nessas horas é que percebemos que ser gente grande não é fácil. Bem que  minha mãe dizia para aproveitar enquanto eu era criança. E eu ainda insistia que ser adulto era a melhor coisa do mundo...
Feita a inscrição e respondidas as provas é chegada a hora do resultado. Sentimos-nos pressionados ao máximo com as expectativas depositadas sobre nós. Festas já estão sendo programadas, viagens planejadas, tudo isso contando com uma possível aprovação no vestibular. E aí? Passou ou não? Caso passe tudo vira festa e todos aqueles dilemas vividos serão coisas do passado. Mas se não passar... Será mais um ano de reclusão, confinamento, sofrimento, expectativa etc. Ah não! Já chega! Você foi aprovado!
  Pensa que acabou? Vai sonhando... É bem verdade que a universidade é o êxtase de sensações. Calouradas, congressos, viagens, pegação e muito mais. Pena que são 4 ou 5 anos que passam em um piscar de olhos. De repente você se dá conta de que já não é mais um adolescente e precisa assumir mais do que nunca as suas responsabilidades. Você lista suas prioridades: conseguir um bom emprego, ter uma casa própria, dar a volta ao mundo, conseguir o primeiro milhão, casar, ter filhos, escrever um livro, plantar uma árvore, blábláblá.
E depois? O que fazer? Os anos passam por seus olhos como se fossem quedas d’águas a procura de um vale e você não consegue fazer tudo que gostaria com a mesma velocidade dessas águas. Você olha pra trás e não enxerga mais aqueles que um dia foram seu alicerce. Os amigos já não os mesmos, o trabalho também não é o que você sonhava. Já se passaram tantas décadas...
Vivemos anos em função dos outros e pelos outros. São anos que não voltam mais. Tudo que construímos durante a nossa existência frutifica-se e materializa-se no futuro. Se hoje tomamos uma decisão certa, ponto pra nós, se tomamos uma decisão errada, ponto pra nós também. Na vida, somos como peças de um jogo de xadrez: hoje somos um peão, mas quem nos impedirá de amanhã ser um rei?
Veja a história dessa gata:
O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato
Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás
(Enriquez/Bardotti - versão: Chico Buarque)

Seja como ela! Não se acomode com o que tem nas mãos! Vá à luta! Realize seus sonhos! Saía do conforto e arrisque-se! Aprenda, erre, tente de novo, nunca desista! Existem lições que por mais simples que pareçam fazem toda a diferença no jogo da vida. Junte tudo que aprendeu em seus poucos ou muitos anos de vida e veja quão importante elas foram, são e serão pra você.
 Quem foi que disse que a vida é fácil?


 Dica de hoje: escute o cantor canadense Michael Bublé. Ele é considerado como o novo Frank Sinatra do jazz. Músicas como Lost, Me and Mr. Jones, Home, Havent met you yet, Everything e Georgia in my mind são algumas de suas canções que merecem destaque.

Pedro Igor Nascimento

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