A garotinha e o sanduíche

sábado, 16 de julho de 2011

... hoje eu aprendi o que é ser paciente.
Estava eu na fila do Subway no São Luís Shopping aguardando a minha vez de ser atendido. Olhei uma menina loira de mais ou menos 7 anos lá na frente, parada com os braços cruzados sobre a vitrine. Imaginei que ela estivesse acompanhada com algum adulto que se encontrasse à minha frente, então nem dei bola.
            Chegou a minha vez de ser atendido e a menininha continuava lá. Parada e de braços cruzados em cima da vitrine admirando o queijo, o presunto... Parecia que ela não tava com pressa nenhuma. Logo depois dela, uma moça se distanciou pra pagar o seu sanduíche. Vendo que a menina continuava parada, admirando a vitrine, eu disse:
            - A moça já tá lá na frente. Tu não vai com ela?
            A menina respondeu num tom bem paciente e hilário:
            - Não! Eu queria que a mulher me atendesse, mas ela não me vê porque eu sou menor do que o balcão. Por isso que eu tô aqui parada. Pra ver se ele me enxerga!
            Não agüentei. Morri de rir! Chamei a atendente e disse que tinha uma garotinha que queria ser atendida, mas ainda não havia sido porque era menor do que o balcão e ninguém a via. A fila inteira – que estava consideravelmente grande – riu em peso! Um casal que estava logo atrás confirmou que a menina já estava lá há um bom tempo e cedeu a sua vez a ela. Enquanto isso, meu sanduíche já havia ficado pronto, mas naquela situação, não tive coragem de deixar a menina sozinha. Foi então que perguntei:
            - Qual sanduíche tu quer?
            - Quero o de frango. O baratíssimo. – respondeu ela cheia de convicção.
            Nessa hora, já tava a fila inteira prestando atenção em nós dois. Ela continuava bem séria enquanto eu fazia o papel de interlocutor entre ela e a atendente. Passei pro próximo item:
            - Qual o pão que você quer?
            - O de parmesão e orégano – respondeu ela prontamente.
            Enquanto o sanduíche ia pro forno, ela vira pra mim e diz:
            - Onde eu moro, lá em Teresina, o balcão é alto, mas a mulher me atende! Nesse aqui, ela não me vê!
            Como de praxe, quando o sanduíche volta do forno, ele passou pra outra atendente que, por sua vez, perguntou pra mim se aquele sanduíche era meu. Mantendo a calma, a garotinha me olha e diz:
            - Diz pra ela que o sanduíche é meu!
            Depois de transmitir o recado à atendente, perguntei pra menininha:
            - O que você quer no seu sanduíche?
            - Alface e tomate – respondeu a menina sem nem olhar pros ingredientes ou pro cardápio.
            - Você não quer picles? Cebola?
            - Não! É ruim! – respondeu ela.
            - Então tá. Que molho você quer?
            - Parmesão e maionese. – respondeu ela de pronto.
            Findada a montagem do sanduíche, ela bate no meu braço e diz:
            - Diz pra moça que é pra viagem! E que eu quero uma Coca-Cola num copo pequeno.
Eu, mais uma vez, repassei o pedido pra atendente que, por sua vez, foi colocar o refrigerante da menina. A garotinha mais uma vez solta uma das suas:
- Lá em Teresina a gente que bota nosso refrigerante!
- Aqui também era assim até outro dia. – respondi.
A atendente me diz que o lanche deu R$ 8,00. A menina me passa prontamente R$ 10,00, pega o sanduíche e vai saindo. Eu digo:
- Ei! Tu não vai esperar teu troco?
- Ih, é mesmo! Ia esquecendo!
            Depois que entreguei o troco, a garotinha abri um sorriso e diz:
            - Brigado!
            Dito isto, saiu ela serelepe e saltitante em direção à praça de alimentação lotada e em meio aos olhares de todas as pessoas da fila do Subway que acompanharam a sua saga pra comprar um sanduíche.
            E eu? Eu fui embora com uma certeza: paciência combina com determinação. Aquela garotinha que ajudei e nem me dei ao trabalho de perguntar o nome deu uma aula de paciência e determinação a todos que perdem a paciência e desistem das coisas com facilidade.

Frase do dia:
"Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem."
John Quincy Adams


Pedro Igor Nascimento

Meu dia em 318 palavras...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

             ... é chegada a hora de repensar a educação que está sendo oferecida às crianças do nosso país. Hoje fui aplicar um programa da Junior Achievement na escola estadual Artur Azevedo. É repugnante o descaso dos governantes com a educação. Não há UM ÚNICO ventilador nas salas, não há lâmpadas nas salas, não há torneiras nas pias do banheiro, não há descargas nos banheiros, não há nada na escola. Os alunos imploram para serem liberados mais cedo porque além de não ter merenda escolar, não há também lanchonete pra “matar” a fome das crianças. Crianças do 6º ano mal sabem ler. Realizar operações básicas de matemática, então... Sem falar na "água" que passa muito longe de ser potável!
Saindo da escola presenciei uma cena típica de bullying. Uma roda de crianças atribuindo os mais diversos apelidos à uma menina. Isso por ela ser gordinha. Ela corria atrás dos "colegas" para agredí-los e estes, por sua vez, só aumentavam o número de xingamentos. Aí algumas pessoas irão dizer: "Isso é coisa de criança! Toda criança faz isso!". O problema é que eles esquecem que os traumas não ficam nos agressores. Uma menina como essa vai levar pro resto da vida o trauma que sofreu quando criança.
É bem verdade que muitas irão superar esses momentos. Contudo, outras tantas vão ser eternamente atormentadas por esse fantasma. Aí, quando aparece um sujeito como o de Realengo, os agressores são os primeiros a apontar o dedo e pedir a crucificação do “psicopata”. Concordo que os traumas da infância não justificam tal massacre, mas EXPLICAM o mesmo.
Colocar a cabeça de alguém em um sanitário e dar descarga nunca foi brincadeira de criança! Depois não queiram exigir "padrões de normalidade" de pessoas traumatizadas pelo bullying! Meus filhos serão educados a respeitar os outros de forma igual, sem discriminações. Meu colega é diferente? Você também é, meu filho! Respeite-o como você gostaria de ser respeitado!

"O guardador de rebanhos"

quinta-feira, 15 de julho de 2010




... não seja justo esconder do mundo certas preciosidades, ainda mais as poesias. Essa semana, durante a última aula da disciplina Sociologia Jurídica, a professora Valéria Montenegro brindou a turma com uma inesquecível interpretação do 8º cantigo de "O guardador de rebanhos" do poeta Fernando Pessoa. Infelizmente não gravei a sua interpretação, entretanto, anotei o nome da poesia e resolvi mostrá-la pra vocês. Vale ressaltar que esse apenas o 8º cantigo de inúmeros outros que compõem o texto.


VII
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas…
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou —
«Se é que ele as criou, do que duvido» —
«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o seu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

O guardador de rebanhos - Fernando Pessoa


Depois de uma indicação como essa acho que não precisa nem eu deixar dicas, né!? Deixa pra próxima...
Ah! Não estou criticando nenhuma religião! Acredito em Deus! Minha intenção é exclusivamente oferecer uma boa leitura! Sirvam-se!


Pedro Igor Nascimento

A morte e seus aspectos

segunda-feira, 12 de julho de 2010


Morte pode não significar somente o fim da existência corpórea de um indivíduo
Adolescentes morrem de amores, mulheres morrem de inveja, homens de ciúmes
Morrer pode também ser entendido como um começo
O começo de uma nova jornada, o começo de uma longa caminhada

Dentre tantas outras definições, a morte pode ser vista como alienação perante algo
Perante um objeto, um ente ou até mesmo sobre sua consciência
Estar alienado, quer dizer estar fora do ar, desantenado
E o que dizer de quem já não tem conhecimento nem da sua própria existência?

Quando se perde o referencial e se aceita como certo tudo que antes fora errado
Quando o pensamento deixa de ser individual e passa a estar condicionado a outrem
Quando as convicções já não podem ser expostas
Quando as dúvidas já não podem ser debatidas

Há muito o ser humano já não existe
Perdeu-se no caminho que divaga entre suas convicções e suas necessidades
Já não seria complacente considerá-lo vivo
Ele já está morto dentro de si mesmo, morto dentro de sua própria consciência.



Dica de hoje: Leiam a obra "1984", de George Orwell. Nela são apresentados inúmeros temas de décadas atrás que ainda hoje atormentam nossas reflexões, dentre eles:  Controle social do Estado sobre a individualidade, a alienação face ao poder político dominante etc.


Pedro Igor Nascimento

Imparcialidade: mera utopia

segunda-feira, 3 de maio de 2010


A imparcialidade é um dos atributos que mais se exige de um operador jurídico. É esperado que um juiz, no momento de decidir sobre um futuro de um réu, tire da balança da justiça todos os seus preconceitos. Pena que tal necessidade, às vezes, tornasse uma utopia.
Em casos de homicídios de grande repercussão nacional é comum e até mesmo esperado, que a mídia espalhe em seus noticiários, informações do caso e chegue até a condenar os réus sem ao menos lhes concederem amplo direito de defesa. Em situações como essas é que a imparcialidade deve preponderar sobre qualquer pensamento valorativo que seja relacionado com o caso. É de atribuição do juiz e dos jurados analisarem os fatos como eles são e perceber as conseqüências que tais fatos geraram, deixando de lado todos os juízos que carregam consigo.
Entretanto, durante a construção de tal necessidade, surge o questionamento: será realmente possível abandonar todos os valores familiares, religiosos e morais com os quais fomos embebidos desde a infância e conseguir enxergar a realidade com os olhos de um recém-nascido absorto de qualquer educação valorativa?
Acredito que seja impossível abortar nosso senso moral e de justiça perante à situações que exijam imparcialidade, mesmo sabendo que sem ela corremos o risco de nos perdemos no tortuoso caminho que separa o certo do errado e acabar deixando a justiça “cega”.

O caso dos exploradores de caverna

segunda-feira, 29 de março de 2010


 

 

... chegou a hora de abordar um tema que envolve uma das minhas áreas de formação acadêmica: Direito. No final do ano passado, em uma das aulas de Introdução ao Estudo do Direito, o professor propôs à turma que realizássemos um tribunal do júri baseado nos acontecimentos narrados no livro “O caso dos exploradores de caverna” de Lon L. Fuller.

            Para tanto, ele realizou um sorteio que definiria quem seriam os advogados de defesa, os promotores e o juiz do tribunal. O júri seria formado pelos alunos que não fossem sorteados para desempenhar nenhuma dessas funções. Eu, por (in)felicidade do destino, fui sorteado para ser um dos advogados de defesa. Foi uma tarefa difícil! Passei muito tempo elaborando o meu posicionamento. Mas, no fim, cumpri minha tarefa.

            Em seguida encontra-se o resumo da obra “O caso dos exploradores de caverna” e o meu posicionamento sobre a questão. Vale ressaltar que as opiniões emitidas no meu posicionamento não são necessariamente as minhas opiniões como indivíduo. Às vezes, foram opiniões que eram necessárias para tentar convencer o júri quanto à inocência dos réus.

 

Resumo da obra:

No inicio de maio do ano imaginário de 4299, cinco membros da Sociedade Espeleológica (organização amadorística de exploração de cavernas) penetraram no interior de uma caverna de rocha calcária. Quando estavam bem distantes da entrada da caverna, ocorreu um desmoronamento da terra, que bloqueou, completamente, a única saída da caverna. Não voltando dentro do prazo normal, os familiares dos exploradores avisaram a Sociedade Espeleológica que encaminhou uma equipe de socorro ao local.
O trabalho de resgate foi extremamente penoso e difícil. Novos deslizamentos da terra ocorreram e 10 operários morreram soterrados. Os fundos da Sociedade Espeleológica foram exauridos, foi necessária uma subvenção do poder legislativo, e uma campanha de arrecadação financeira para a complementação dos fundos. A libertação da caverna só foi possível no trigésimo dia, contado a partir do início dos trabalhos de resgate.
No vigésimo dia de resgate, foi descoberto que os exploradores possuíam um radio transmissor, o que tornou possível a comunicação entre os exploradores e o acampamento de resgate. Os exploradores perguntavam quanto tempo no mínimo, levaria o resgate. A resposta foi que o resgate levaria no mínimo mais dez dias. Em vista desta resposta, os exploradores fizeram uma pergunta com duas hipóteses:
  1. Se poderiam sobreviver mais dez dias sem alimentação e
  2. se caso de alimentassem de carne humana, teriam chances de sobreviver.
A primeira hipótese recebeu uma resposta negativa e a segunda foi respondida que terão grandes chances de sobrevivência alimentando-se de carne humana. Os exploradores dirigiram várias perguntas as autoridades religiosas, judiciárias e médicas, a fim de saber a moralidade e licitude do ato de comerem carne humana na situação em que se encontravam. As autoridades não deram respostas a nenhuma destas perguntas.
Após a ausência de respostas a comunicação foi interrompida e os exploradores decidiram sacrificar um dos cinco, para que a sobrevivência os outros quatro fosse garantida. Roger Whetmore propôs um sorteio para a escolha daquele que seria sacrificado. Antes do início do jogo, Whetmore desistiu de participar e sugeriu que esperassem mais uma semana. Seus companheiros o acusaram de traição e procederam ao lançamento dos dados. Quando chegou a vez de Whetemore acabou sendo o escolhido. Foi morto, sua carne serviu de alimento para seus companheiros que sobreviveram e foram salvos no 3Oº dia depois do início do resgate.
Após o resgate os sobreviventes foram a julgamento e em primeira instância foram condenadas à pena de morte, visto que, naquele país, não existiam excludentes de ilicitude.


Minha argumentação como advogado de defesa:
Com toda essa calorosa discussão que o caso dos exploradores de caverna proporcionou ainda restam alguns questionamentos a serem trabalhados.
Acredito que a única forma de compreendermos essa situação é nos colocando no lugar desses quatro homens. Será que se eu ou você estivéssemos presos naquela caverna por 20 dias já sem nenhum alimento e sem nenhuma previsão de quando sairíamos de lá, talvez não fossemos capazes agir da mesma maneira? Será que a fome não nos atingiria em tal intensidade que seríamos capazes de matar para comer?
Vamos exercitar nosso intelecto e tentar imaginar a seguinte situação: você está em um navio em alto mar durante uma forte tempestade e, por infortúnio do destino, sua embarcação começa a naufragar. Por sorte, você consegue sair da sua cabine e evita afundar junto com o navio. Já em alto mar, enquanto você luta para se manter vivo e não sucumbir ao cansaço, você se depara com dezenas de corpos flutuando na superfície da água, embalados somente pelo movimento das ondas. Após alguns segundos de choque você enxerga a mais ou menos dez metros de você um colete salva-vidas. Porém, você não foi o único a vê-lo. Enquanto você raciocina o que fazer, o outro sobrevivente já nada desesperadamente rumo ao colete e contra a forte correnteza sabendo que essa é a sua única chance de sobreviver.
Movido pela sensação de pavor que lhe toma você também nada em direção ao colete, mas ao chegar lá já é tarde demais, o homem já o alcançou e já está colocando-o. Após alguns segundos de choque, onde você compreende que sem o colete suas esperanças de salvação são mínimas, a única opção que você enxerga para salvar sua vida é lutar com aquele homem pelo colete. E você sabe que naquela situação, é matar ou morrer.
Sem pensar em princípios éticos, morais, em toda educação sólida que sua família lhe ofereceu e mesmo sabendo que matar um ser humano é o pior dos crimes que um homem pode cometer contra outro, você se lança contra ele e usa a força para tentar tomar o colete dele. Não obtendo sucesso você passa para a segunda opção: matá-lo.
Usando de toda a força que ainda lhe resta você tenta afogá-lo. Após mais alguns segundos de luta você sente que o homem já não reage mais. É então que você percebe que cometeu um crime. Mas você sabe que foi uma morte justificada, você não o matou por acaso, por capricho ou por um interesse qualquer, você o matou para salvar a sua vida.
Comparando essa nova situação com o caso dos exploradores de caverna, podemos constatar que não há grandes diferenças entre eles. Nas duas situações um ser humano foi morto para salvar a vida de outro, nas duas situações um ser humano se viu à beira da morte, nas duas situações um ser humano teve uma reação desesperada tentando salvar sua vida.
Quem somos nós para julgá-los? Voltando ao questionamento inicial, será que não agiríamos do mesmo modo que eles? Será que se estivéssemos em alto mar durante uma tempestade não mataríamos por um colete? E quem pode julgar nossa atitude diante de um fato tão perturbador quanto o que esses homens passaram?
É fato que diante de situações de vida ou morte o ser humano é capaz de tudo, até mesmo de matar, para salvar sua vida. Em situações de alto estresse o homem perde sua capacidade racional e passa a agir como um animal, baseando-se unicamente em seus instintos. E que instinto maior pode existir para um animal do que o da preservação de sua vida? Mas isso não o torna um criminoso que deve ser punido com a morte. Eles podem até ser criminosos perante o direito positivo, mas que finalidade teria a morte de dez operários que tentaram salvar a vida deles se eles fossem condenados à forca? Se é justo a morte de dez homens para salvar cinco, que diferença se faz de uma morte para salvar outras quatro vidas?
De que valeria a morte de Whetmore para salvá-los, se mais adiante um tribunal viria a condená-los ao enforcamento? E se eles tivessem concordado em esperar mais um pouco pelo resgate e quando este resgate chegasse todos já estivessem mortos por inanição?
Depois que os réus mataram Whetmore eles passaram pelo menos 10 dias convivendo com o corpo daquele que um dia fora seu companheiro de aventura. Será que há pena maior que esta? Viver pelo resto da vida com o peso na consciência por ter matado um ser humano? Se estivéssemos tratando de criminosos historicamente delinqüentes poderíamos questionar se eles carregariam essa culpa, mas estamos falando de homens que tem uma estrutura familiar sólida que lhes educou e que lhes ensinou a respeitar o próximo.
Qualquer um que teve uma essa educação sente remorso por ter confrontado os ensinamentos que recebeu. Será possível mensurar o tamanho do remorso que estes homens estão sentindo? Será que algum de nós é capaz de compreender o sentimento que estes homens vão carregar pelo resto de suas vidas? Seríamos nós capazes de suportar o que eles suportaram, suportam e ainda vão suportar? Acho pouco provável.
Acredito que a pena maior e mais punitiva esses homens já sofreram. Conviver com um homicídio não é uma tarefa fácil. Muitos acreditam que eles devem ser condenados à morte de acordo com o que a lei estabelece. Mas se essa lei parte de uma norma jurídica que defende que todo homem tem como um de seus direitos fundamentais o direito à vida, quem pode condenar esses homens se a sua única intenção foi garantir a própria vida? As leis foram criadas para serem aplicadas, mas, antes disso, elas devem ser interpretadas.
E que outra interpretação se pode dar a esse caso? Esses homens infligiram uma lei, porém foi para salvar o bem mais precioso e valoroso que tinham. Digo a vocês que eu, como jurado, não condenaria esses homens à morte, pois se eu estivesse vivo na situação que hoje eles se encontram, com certeza já estaria morto, morto de culpa, morto de arrependimento e morto de remorso. E eu acredito que não há punição maior que essa para um homem.


            No final do tribunal realizado na sala de aula, os réus foram inocentados por todos os seus crimes.



Frase para reflexão:  "Somos sonhadores, mas somos daqueles que se arriscam por seus sonhos!"

Pedro Igor Nascimento

O que 1 milhão e meio de reais não pagam?

sábado, 20 de março de 2010



... os sonhos dos homens de outrora a muito já se perderam. O ideal de felicidade propostos nos filmes e nas novelas também não se encaixa mais com o perfil do homem atual. O padrão de realização que alguns desses meios de entretenimento ainda pregam parece ser uma longínqua e desfocada representação da realidade.
Anos atrás, ter um lar pra viver com sua família e um trabalho para auto-realizasse era o estereótipo de vida pra maioria das famílias. Pena que os anos passam e algumas convicções vão juntas com eles. Hoje em dia, o mínimo necessário pra fazer ser feliz é ter um carro do ano na garagem e um emprego em que você trabalhe pouco – de preferência quase nada – e ganhe muito – o mínimo pra ser milionário algum dia.
Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que essa não é a vida que quero pra mim. E alguém será hipócrita a tal ponto? Só que essa vida, em alguns casos, tem seu preço. E vale ressaltar que não são todos que estão dispostos a pagar por ela.
Reflita junto comigo. Você estaria disposto a submeter-se a privação total de liberdade, inclusive a uma corriqueira caminhada na praia? Estaria disposto a ter suas atitudes julgadas 24 horas por dia por, no mínimo, 100 milhões de pessoas? A viver trancafiado em uma casa com pessoas que você nunca viu? A sair dessa casa e perceber que a vida que você tinha há alguns meses atrás já não é a mesma?
Hum milhão e meio de reais compra muita coisa. Compram casas, carros, viagens e até mesmo sonhos. Entretanto, tira muitas outras. Tira sossego, paz, rotina, liberdade etc. Quem estiver disposto a arriscar perder tudo isso e mais um pouco, a porta da fama está aberta.
E eu? Eu prefiro um bom livro na varanda da minha casa de onde possa ver meus netos correndo pelo jardim e ter a certeza que as escolhas que fiz foram as melhores pra mim. Sei que posso ter alguns arrependimentos, não nego, mas sei que a vida vai me ensinar a superá-los.
Não condeno as escolhas que os outros fizeram, pelo contrário, dou valor a elas. Parabenizo-os por tal coragem. Talvez eu seja covarde por não correr atrás de hum milhão e meio de reais. Deve ser pelo fato de entender que o dinheiro só é capaz de comprar bens perecíveis. Talvez, se com ele pudéssemos comprar felicidade, amigos e amores, eu mudaria de idéia e correria atrás do tempo perdido.

Mensagem para reflexão:




Quem é você? 

































Quem conhece os outros é um erudito.
Quem se conhece, é um sábio.

Você é alguém, pode ter certeza.

Porque deus nunca desperdiça o seu tempo para fazer "ninguém".

Você foi planejado para ser distinto, especial, insubstituível, e único.

Pense nisso:
Dentre os mais de 6 bilhões de pessoas nesse mundo, não há duas que sejam iguais....
Todos somos "originais"!
Mas muitos insistem em ser cópias dos outros.

Recuse ser uma cópia.

Avance além da média!
Você é muito mais do que 208 ossos, 500 músculos , 7 mil nervos e alguns quilos de pele.
Evite o mínimo, persiga o máximo.

As pessoas que têm medo de subir mais alto em busca do triunfo, são aquelas que perderam a confiança.....

Ou que perderam a fé na sua capacidade.
Algumas nem percebem que têm potencial para fazer algo mais.

Se você não se ajuda a sair do marasmo quem ajudará?

Nem sempre dá pra fazer tudo...
Mas (nem por isso) se recuse a fazer algo que faça a diferença...
Não se esforce para ser aceito, mas lute para ser você mesmo.
Quantas coisas significativas deixamos de fazer na vida por achar que é tarde demais?
Tenha a força...
É preciso se convencer de que o sucesso, o triunfo, está em você.


Pedro Igor Nascimento