O caso dos exploradores de caverna

segunda-feira, 29 de março de 2010


 

 

... chegou a hora de abordar um tema que envolve uma das minhas áreas de formação acadêmica: Direito. No final do ano passado, em uma das aulas de Introdução ao Estudo do Direito, o professor propôs à turma que realizássemos um tribunal do júri baseado nos acontecimentos narrados no livro “O caso dos exploradores de caverna” de Lon L. Fuller.

            Para tanto, ele realizou um sorteio que definiria quem seriam os advogados de defesa, os promotores e o juiz do tribunal. O júri seria formado pelos alunos que não fossem sorteados para desempenhar nenhuma dessas funções. Eu, por (in)felicidade do destino, fui sorteado para ser um dos advogados de defesa. Foi uma tarefa difícil! Passei muito tempo elaborando o meu posicionamento. Mas, no fim, cumpri minha tarefa.

            Em seguida encontra-se o resumo da obra “O caso dos exploradores de caverna” e o meu posicionamento sobre a questão. Vale ressaltar que as opiniões emitidas no meu posicionamento não são necessariamente as minhas opiniões como indivíduo. Às vezes, foram opiniões que eram necessárias para tentar convencer o júri quanto à inocência dos réus.

 

Resumo da obra:

No inicio de maio do ano imaginário de 4299, cinco membros da Sociedade Espeleológica (organização amadorística de exploração de cavernas) penetraram no interior de uma caverna de rocha calcária. Quando estavam bem distantes da entrada da caverna, ocorreu um desmoronamento da terra, que bloqueou, completamente, a única saída da caverna. Não voltando dentro do prazo normal, os familiares dos exploradores avisaram a Sociedade Espeleológica que encaminhou uma equipe de socorro ao local.
O trabalho de resgate foi extremamente penoso e difícil. Novos deslizamentos da terra ocorreram e 10 operários morreram soterrados. Os fundos da Sociedade Espeleológica foram exauridos, foi necessária uma subvenção do poder legislativo, e uma campanha de arrecadação financeira para a complementação dos fundos. A libertação da caverna só foi possível no trigésimo dia, contado a partir do início dos trabalhos de resgate.
No vigésimo dia de resgate, foi descoberto que os exploradores possuíam um radio transmissor, o que tornou possível a comunicação entre os exploradores e o acampamento de resgate. Os exploradores perguntavam quanto tempo no mínimo, levaria o resgate. A resposta foi que o resgate levaria no mínimo mais dez dias. Em vista desta resposta, os exploradores fizeram uma pergunta com duas hipóteses:
  1. Se poderiam sobreviver mais dez dias sem alimentação e
  2. se caso de alimentassem de carne humana, teriam chances de sobreviver.
A primeira hipótese recebeu uma resposta negativa e a segunda foi respondida que terão grandes chances de sobrevivência alimentando-se de carne humana. Os exploradores dirigiram várias perguntas as autoridades religiosas, judiciárias e médicas, a fim de saber a moralidade e licitude do ato de comerem carne humana na situação em que se encontravam. As autoridades não deram respostas a nenhuma destas perguntas.
Após a ausência de respostas a comunicação foi interrompida e os exploradores decidiram sacrificar um dos cinco, para que a sobrevivência os outros quatro fosse garantida. Roger Whetmore propôs um sorteio para a escolha daquele que seria sacrificado. Antes do início do jogo, Whetmore desistiu de participar e sugeriu que esperassem mais uma semana. Seus companheiros o acusaram de traição e procederam ao lançamento dos dados. Quando chegou a vez de Whetemore acabou sendo o escolhido. Foi morto, sua carne serviu de alimento para seus companheiros que sobreviveram e foram salvos no 3Oº dia depois do início do resgate.
Após o resgate os sobreviventes foram a julgamento e em primeira instância foram condenadas à pena de morte, visto que, naquele país, não existiam excludentes de ilicitude.


Minha argumentação como advogado de defesa:
Com toda essa calorosa discussão que o caso dos exploradores de caverna proporcionou ainda restam alguns questionamentos a serem trabalhados.
Acredito que a única forma de compreendermos essa situação é nos colocando no lugar desses quatro homens. Será que se eu ou você estivéssemos presos naquela caverna por 20 dias já sem nenhum alimento e sem nenhuma previsão de quando sairíamos de lá, talvez não fossemos capazes agir da mesma maneira? Será que a fome não nos atingiria em tal intensidade que seríamos capazes de matar para comer?
Vamos exercitar nosso intelecto e tentar imaginar a seguinte situação: você está em um navio em alto mar durante uma forte tempestade e, por infortúnio do destino, sua embarcação começa a naufragar. Por sorte, você consegue sair da sua cabine e evita afundar junto com o navio. Já em alto mar, enquanto você luta para se manter vivo e não sucumbir ao cansaço, você se depara com dezenas de corpos flutuando na superfície da água, embalados somente pelo movimento das ondas. Após alguns segundos de choque você enxerga a mais ou menos dez metros de você um colete salva-vidas. Porém, você não foi o único a vê-lo. Enquanto você raciocina o que fazer, o outro sobrevivente já nada desesperadamente rumo ao colete e contra a forte correnteza sabendo que essa é a sua única chance de sobreviver.
Movido pela sensação de pavor que lhe toma você também nada em direção ao colete, mas ao chegar lá já é tarde demais, o homem já o alcançou e já está colocando-o. Após alguns segundos de choque, onde você compreende que sem o colete suas esperanças de salvação são mínimas, a única opção que você enxerga para salvar sua vida é lutar com aquele homem pelo colete. E você sabe que naquela situação, é matar ou morrer.
Sem pensar em princípios éticos, morais, em toda educação sólida que sua família lhe ofereceu e mesmo sabendo que matar um ser humano é o pior dos crimes que um homem pode cometer contra outro, você se lança contra ele e usa a força para tentar tomar o colete dele. Não obtendo sucesso você passa para a segunda opção: matá-lo.
Usando de toda a força que ainda lhe resta você tenta afogá-lo. Após mais alguns segundos de luta você sente que o homem já não reage mais. É então que você percebe que cometeu um crime. Mas você sabe que foi uma morte justificada, você não o matou por acaso, por capricho ou por um interesse qualquer, você o matou para salvar a sua vida.
Comparando essa nova situação com o caso dos exploradores de caverna, podemos constatar que não há grandes diferenças entre eles. Nas duas situações um ser humano foi morto para salvar a vida de outro, nas duas situações um ser humano se viu à beira da morte, nas duas situações um ser humano teve uma reação desesperada tentando salvar sua vida.
Quem somos nós para julgá-los? Voltando ao questionamento inicial, será que não agiríamos do mesmo modo que eles? Será que se estivéssemos em alto mar durante uma tempestade não mataríamos por um colete? E quem pode julgar nossa atitude diante de um fato tão perturbador quanto o que esses homens passaram?
É fato que diante de situações de vida ou morte o ser humano é capaz de tudo, até mesmo de matar, para salvar sua vida. Em situações de alto estresse o homem perde sua capacidade racional e passa a agir como um animal, baseando-se unicamente em seus instintos. E que instinto maior pode existir para um animal do que o da preservação de sua vida? Mas isso não o torna um criminoso que deve ser punido com a morte. Eles podem até ser criminosos perante o direito positivo, mas que finalidade teria a morte de dez operários que tentaram salvar a vida deles se eles fossem condenados à forca? Se é justo a morte de dez homens para salvar cinco, que diferença se faz de uma morte para salvar outras quatro vidas?
De que valeria a morte de Whetmore para salvá-los, se mais adiante um tribunal viria a condená-los ao enforcamento? E se eles tivessem concordado em esperar mais um pouco pelo resgate e quando este resgate chegasse todos já estivessem mortos por inanição?
Depois que os réus mataram Whetmore eles passaram pelo menos 10 dias convivendo com o corpo daquele que um dia fora seu companheiro de aventura. Será que há pena maior que esta? Viver pelo resto da vida com o peso na consciência por ter matado um ser humano? Se estivéssemos tratando de criminosos historicamente delinqüentes poderíamos questionar se eles carregariam essa culpa, mas estamos falando de homens que tem uma estrutura familiar sólida que lhes educou e que lhes ensinou a respeitar o próximo.
Qualquer um que teve uma essa educação sente remorso por ter confrontado os ensinamentos que recebeu. Será possível mensurar o tamanho do remorso que estes homens estão sentindo? Será que algum de nós é capaz de compreender o sentimento que estes homens vão carregar pelo resto de suas vidas? Seríamos nós capazes de suportar o que eles suportaram, suportam e ainda vão suportar? Acho pouco provável.
Acredito que a pena maior e mais punitiva esses homens já sofreram. Conviver com um homicídio não é uma tarefa fácil. Muitos acreditam que eles devem ser condenados à morte de acordo com o que a lei estabelece. Mas se essa lei parte de uma norma jurídica que defende que todo homem tem como um de seus direitos fundamentais o direito à vida, quem pode condenar esses homens se a sua única intenção foi garantir a própria vida? As leis foram criadas para serem aplicadas, mas, antes disso, elas devem ser interpretadas.
E que outra interpretação se pode dar a esse caso? Esses homens infligiram uma lei, porém foi para salvar o bem mais precioso e valoroso que tinham. Digo a vocês que eu, como jurado, não condenaria esses homens à morte, pois se eu estivesse vivo na situação que hoje eles se encontram, com certeza já estaria morto, morto de culpa, morto de arrependimento e morto de remorso. E eu acredito que não há punição maior que essa para um homem.


            No final do tribunal realizado na sala de aula, os réus foram inocentados por todos os seus crimes.



Frase para reflexão:  "Somos sonhadores, mas somos daqueles que se arriscam por seus sonhos!"

Pedro Igor Nascimento

O que 1 milhão e meio de reais não pagam?

sábado, 20 de março de 2010



... os sonhos dos homens de outrora a muito já se perderam. O ideal de felicidade propostos nos filmes e nas novelas também não se encaixa mais com o perfil do homem atual. O padrão de realização que alguns desses meios de entretenimento ainda pregam parece ser uma longínqua e desfocada representação da realidade.
Anos atrás, ter um lar pra viver com sua família e um trabalho para auto-realizasse era o estereótipo de vida pra maioria das famílias. Pena que os anos passam e algumas convicções vão juntas com eles. Hoje em dia, o mínimo necessário pra fazer ser feliz é ter um carro do ano na garagem e um emprego em que você trabalhe pouco – de preferência quase nada – e ganhe muito – o mínimo pra ser milionário algum dia.
Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que essa não é a vida que quero pra mim. E alguém será hipócrita a tal ponto? Só que essa vida, em alguns casos, tem seu preço. E vale ressaltar que não são todos que estão dispostos a pagar por ela.
Reflita junto comigo. Você estaria disposto a submeter-se a privação total de liberdade, inclusive a uma corriqueira caminhada na praia? Estaria disposto a ter suas atitudes julgadas 24 horas por dia por, no mínimo, 100 milhões de pessoas? A viver trancafiado em uma casa com pessoas que você nunca viu? A sair dessa casa e perceber que a vida que você tinha há alguns meses atrás já não é a mesma?
Hum milhão e meio de reais compra muita coisa. Compram casas, carros, viagens e até mesmo sonhos. Entretanto, tira muitas outras. Tira sossego, paz, rotina, liberdade etc. Quem estiver disposto a arriscar perder tudo isso e mais um pouco, a porta da fama está aberta.
E eu? Eu prefiro um bom livro na varanda da minha casa de onde possa ver meus netos correndo pelo jardim e ter a certeza que as escolhas que fiz foram as melhores pra mim. Sei que posso ter alguns arrependimentos, não nego, mas sei que a vida vai me ensinar a superá-los.
Não condeno as escolhas que os outros fizeram, pelo contrário, dou valor a elas. Parabenizo-os por tal coragem. Talvez eu seja covarde por não correr atrás de hum milhão e meio de reais. Deve ser pelo fato de entender que o dinheiro só é capaz de comprar bens perecíveis. Talvez, se com ele pudéssemos comprar felicidade, amigos e amores, eu mudaria de idéia e correria atrás do tempo perdido.

Mensagem para reflexão:




Quem é você? 

































Quem conhece os outros é um erudito.
Quem se conhece, é um sábio.

Você é alguém, pode ter certeza.

Porque deus nunca desperdiça o seu tempo para fazer "ninguém".

Você foi planejado para ser distinto, especial, insubstituível, e único.

Pense nisso:
Dentre os mais de 6 bilhões de pessoas nesse mundo, não há duas que sejam iguais....
Todos somos "originais"!
Mas muitos insistem em ser cópias dos outros.

Recuse ser uma cópia.

Avance além da média!
Você é muito mais do que 208 ossos, 500 músculos , 7 mil nervos e alguns quilos de pele.
Evite o mínimo, persiga o máximo.

As pessoas que têm medo de subir mais alto em busca do triunfo, são aquelas que perderam a confiança.....

Ou que perderam a fé na sua capacidade.
Algumas nem percebem que têm potencial para fazer algo mais.

Se você não se ajuda a sair do marasmo quem ajudará?

Nem sempre dá pra fazer tudo...
Mas (nem por isso) se recuse a fazer algo que faça a diferença...
Não se esforce para ser aceito, mas lute para ser você mesmo.
Quantas coisas significativas deixamos de fazer na vida por achar que é tarde demais?
Tenha a força...
É preciso se convencer de que o sucesso, o triunfo, está em você.


Pedro Igor Nascimento

Minha vida...

sábado, 6 de março de 2010

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
(Esquadros/Composição: Adriana Calcanhoto)


Dedique um pouco do seu tempo e leia "A menina que roubava livros", um romance do escritor australiano Makus Zusak. A obra é narrada pela morte e conta a história de Liezel Meminger, uma garota que vivia na Alemanha nazista e que teve vários encontros com a narradora do livro.

"Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6, 24)

sexta-feira, 5 de março de 2010



 ... o lema da Campanha da Fraternidade 2010 enquadrasse perfeitamente em nosso cotidiano. Aliás, encaixasse em toda a história da humanidade, pois, mesmo nos tempos bíblicos, já se ouvia falar em reis que enriqueciam à custa do povo e não trabalhavam pra que a vida desse povo pudesse ser mais digna.
Não que o dinheiro seja a personificação do mal, mas o que observamos diariamente nos leva a concluir que ele fomenta grande parte dos problemas que afligem a sociedade. A campanha desse ano pretende divulgar a elaboração de uma economia que trabalhe em prol do bem social e não no enriquecimento pessoal. O dinheiro, embora importante, não deve governar nossos atos e decisões. Nossa vida deve ser pautada em nossos valores éticos. Antes de pensarmos em quantos vamos lucrar com um negócio, devemos parar e pensar o quanto ele pode afetar as pessoas.
Um dos pontos fortes dessa campanha é o fato dela ser ecumênica, ou seja, ela não é restrita às Igrejas Católicas. Desde a elaboração do projeto houve participações de Igrejas Cristãs.
Abaixo está a música da Campanha da Fraternidade 2010:

Jesus cristo anunciava por primeiro
Um novo reino de justiça e seus valores: (mt 4,17)
“vós não podeis servir a deus e ao dinheiro
E muito menos agradar a dois senhores”. (mt 6,24)

Voz de um profeta contra o ídolo e a cobiça:
“endireitai hoje os caminhos do senhor!” (mt 3,3)
Produzi frutos de partilha e de justiça! (lc 3,8.11)
Chegou o reino: convertei-vos ao amor! (mt 3,2)

Não é a riqueza nem o lucro sem medida
Que geram paz e laços de fraternidade; (lc 16,19-31)
Mas todo o gesto de partilha em nossa vida (mc 12,42-44)
Que faz a fé se transformar em caridade. (gl 5,6)

No evangelho encontrareis a luz divina,
Não no supérfluo, na ganância e na ambição.
Ide e vivei a boa-nova que ilumina (T 7,21)
E a palavra da fraterna comunhão. (T 18,20)
Composição: João Rothe Machado / Pe. José Weber, Svd


Dessa vez, vou deixar uma frase para reflexão:
“Se um dia a pessoa que você ama lhe trair e você pensar em se jogar de um prédio, lembre-se: Você tem chifres, não asas…” (Aline Nunes)

Pedro Igor Nascimento

A honestidade ainda é uma virtude?

quinta-feira, 4 de março de 2010



 ... a honestidade, um dos valores mais importantes do homem, está perdendo espaço em meio a tantos escândalos políticos. Desde criança nossos pais nos ensinaram a ser honesto e justo em tudo que nos propuséssemos a fazer. Se voltássemos da escola com um lápis que não fosse nosso, logo éramos pressionados pra saber de quem era aquele objeto.
Se fosse de um colega, tínhamos que devolver. Se tivéssemos o encontrado na rua, devíamos colocar no mesmo lugar onde o tínhamos achado. Entretanto, parece-me que esse senso de honestidade está se perdendo. Parece-me que, hoje em dia, a atitude correta seria ficar com aquele lápis. E ainda ouviríamos tais respostas: Meu colega nem sentiu falta dele! Porque eu tenho que devolver? Eu achei na rua! Não peguei de ninguém! Achado não é roubado!
            O maior exemplo de desonestidade a que nossa sociedade está submetida encontrasse na política. Nos comícios, escutamos promessas de trabalhar pelo povo, para o povo e com o povo. Mera ilusão! Basta o dito cujo ser empossado e ele perde todo senso de honestidade que fingia ter em sua campanha. Desvia verbas públicas para as suas “instituições de caridade”, faz viagens internacionais com a família inteira à custa do dinheiro dos seus eleitores, pratica o nepotismo e ainda sentisse ofendido ao ser questionado por tais atitudes!
            “Fui injustiçado! O que fiz, qualquer um faria! Ninguém leva em conta o que fiz por esse país!” Esse é o clássico discurso que vemos todos os dias nos jornais. São acusações atiradas pra todos os lados, cuecas e meias abarrotadas de dinheiro público, milhões de reais distribuídos em contas na Suíça e por aí vai.
            Então você se pergunta: “Como posso pra fazer pra mudar tudo isso? Eu, sozinho, não tenho forças pra mudar essa realidade!”. Respondendo sua pergunta: “Com o seu voto!” É bem verdade que você, sozinho, não irá conseguir, mas se milhões tomarem consciência que a única forma de acabar com a corrupção em nosso país é escolhendo melhor os candidatos em que iremos votar, com certeza, mesmo que aos poucos, traremos de volta à tona a honestidade e a justiça com as quais fomos educados.
Assim, quem sabe um dia o samba e o Carnaval voltem a ser o cartão-postal do Brasil e exonere a corrupção dos noticiários ...


Dica de hoje: dedique um pouco do seu tempo para assistir um bom filme. Está em cartaz nos cinemas de todo o país o filme "Preciosa". Indicado ao Oscar, o filme conta a histório de uma jovem que sofreu privações inimagináveis em sua juventude. Abusada pela mãe, violentada por seu pai, ela cresce pobre, irritada, analfabeta, gorda, sem amor e geralmente passa despercebida. Após muita luta, dor e impotência, Preciosa começa uma jornada que a levará ao um mundo de luz, amor e auto-determinação. Vale a pena!


Pedro Igor Nascimento

Lições pra uma vida inteira...

terça-feira, 2 de março de 2010



... existem inúmeras experiências que nos trazem lições que, por mais que pareçam insignificantes naquele dado momento, servirão como base para toda a nossa vida. A primeira lição que aprendemos é que não dá pra viver sem respirar. Quando saímos do útero materno é imprescindível que nossos pulmões funcionem a pleno vapor. É como se nosso cérebro dissesse a eles: Vamos lá garotos! A hora é essa! E realmente a hora é aquela. Acredito que o choro de um recém-nascido não seja de dor ou de reclamação. Penso que seja a forma que encontramos pra extravasar a felicidade de nossa primeira conquista: a vida.
Com certeza, essa é uma das inúmeras batalhas que ainda temos que travar para sobreviver. Nos três anos que se seguem após aquela primeira experiência no campo de guerra da vida, somos preparados para encarar muitas outras que ainda estão por vir. Somos ensinados a falar, treinados pra se comportar e incentivados a andar. Então chega o fatídico dia em que somos apresentados a um novo mundo.
Em nosso primeiro dia na nova realidade nos deparamos com outras criaturas que tem o mesmo tamanho que nós, choram como nós, brincam como nós e acima de tudo tem as mesmas necessidades que nós. Nesse lugar existe tambem um ser que tenta se passar por nossos pais, mas pra nós é óbvio que ele é apenas um desconhecido fazendo gracinhas na vã tentativa de nos fazer parar de chorar.
Chega o momento em que percebemos que aquele mundo agora é a nossa realidade. Descobrimos que ele chama-se escola, que aquelas criaturas parecidas conosco são nossos “coleguinhas” com os quais teremos que conviver diariamente e que os seres que pretendiam substituir nossos pais são nossos professores.
Os próximos 14 anos de nossas vida são vividos intensamente nesse ambiente. Percebemos que aprender não é o suficiente pra viver. Além de entender porque ocorrem os terremotos, porque existe um dia após a noite, porque chove etc., precisamos aprender a conviver. São 14 anos rápidos como um relâmpago mas que nos deixam ensinamentos pra uma vida inteira. Temos nossas primeiras paixões, nossos primeiros desentendimentos, adquirimos nossas primeiras convicções e descobrimos o que queremos ser quando crescer.
A profissão que pretendemos seguir é, sem dúvida alguma, a decisão mais importante que precisamos tomar nesse período. Então é chegada à hora de mais uma batalha: o vestibular. Noites de sono perdidas, dias repletos de aulas suportados com muita cafeína, finais de semana trancafiados em casa na companhia de pilhas de livros, convites recusados, pressão familiar, nervos à flor da pele. Tudo isso pra quê?
É chegada a hora de fazer a inscrição. Que curso escolher? Ser médico como os meus pais ou realizar meu sonho de ser advogado? Nessas horas é que percebemos que ser gente grande não é fácil. Bem que  minha mãe dizia para aproveitar enquanto eu era criança. E eu ainda insistia que ser adulto era a melhor coisa do mundo...
Feita a inscrição e respondidas as provas é chegada a hora do resultado. Sentimos-nos pressionados ao máximo com as expectativas depositadas sobre nós. Festas já estão sendo programadas, viagens planejadas, tudo isso contando com uma possível aprovação no vestibular. E aí? Passou ou não? Caso passe tudo vira festa e todos aqueles dilemas vividos serão coisas do passado. Mas se não passar... Será mais um ano de reclusão, confinamento, sofrimento, expectativa etc. Ah não! Já chega! Você foi aprovado!
  Pensa que acabou? Vai sonhando... É bem verdade que a universidade é o êxtase de sensações. Calouradas, congressos, viagens, pegação e muito mais. Pena que são 4 ou 5 anos que passam em um piscar de olhos. De repente você se dá conta de que já não é mais um adolescente e precisa assumir mais do que nunca as suas responsabilidades. Você lista suas prioridades: conseguir um bom emprego, ter uma casa própria, dar a volta ao mundo, conseguir o primeiro milhão, casar, ter filhos, escrever um livro, plantar uma árvore, blábláblá.
E depois? O que fazer? Os anos passam por seus olhos como se fossem quedas d’águas a procura de um vale e você não consegue fazer tudo que gostaria com a mesma velocidade dessas águas. Você olha pra trás e não enxerga mais aqueles que um dia foram seu alicerce. Os amigos já não os mesmos, o trabalho também não é o que você sonhava. Já se passaram tantas décadas...
Vivemos anos em função dos outros e pelos outros. São anos que não voltam mais. Tudo que construímos durante a nossa existência frutifica-se e materializa-se no futuro. Se hoje tomamos uma decisão certa, ponto pra nós, se tomamos uma decisão errada, ponto pra nós também. Na vida, somos como peças de um jogo de xadrez: hoje somos um peão, mas quem nos impedirá de amanhã ser um rei?
Veja a história dessa gata:
O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato
Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás
(Enriquez/Bardotti - versão: Chico Buarque)

Seja como ela! Não se acomode com o que tem nas mãos! Vá à luta! Realize seus sonhos! Saía do conforto e arrisque-se! Aprenda, erre, tente de novo, nunca desista! Existem lições que por mais simples que pareçam fazem toda a diferença no jogo da vida. Junte tudo que aprendeu em seus poucos ou muitos anos de vida e veja quão importante elas foram, são e serão pra você.
 Quem foi que disse que a vida é fácil?


 Dica de hoje: escute o cantor canadense Michael Bublé. Ele é considerado como o novo Frank Sinatra do jazz. Músicas como Lost, Me and Mr. Jones, Home, Havent met you yet, Everything e Georgia in my mind são algumas de suas canções que merecem destaque.

Pedro Igor Nascimento

Começando do começo!

segunda-feira, 1 de março de 2010


        ...hoje será o início de longos e vindouros dias de experiências trocadas, multiplicadas, divididas, discutidas e compartilhadas. Não que eu venha todos os dias aqui contar o que aprendi, o que vi e o que ouvi. Toda vez que deixar uma mensagem nesse blog será uma reflexão sobre algo. Por isso o título do blog é “Penso que...”. Cada nova publicação que eu fizer será o meu ponto de vista, a minha crítica, sobre determinado assunto. Não se espante também se um dia desses eu falar sobre Big Brother e no dia seguinte comentar a revisão do Código Processual Civil. A minha real intenção é expor os mais diversos assuntos das mais variáveis formas possíveis. Até porque, por mais distantes e incompatíveis que esses temas possam ser, no fundo eles têm alguma relação.
         Por esse motivo o início de cada postagem será a continuação da expressão “Penso que...”. Portanto, não se assuste e nem diga que estou envergonhando meus professores de Português por começar todo texto com reticências e letras minúsculas.
          Vale ressaltar que o título do blog é em homenagem a um francês, namorado da minha tia, que quando queria expressar uma opinião dizia “penso que...” ao invés de “eu acho...”, como nós, pretensos dominadores da língua portuguesa, falamos quando desejamos opinar sobre algo. Mesmo sabendo que ele não estava errado quando falava assim, eu sempre achei engraçado quando ele dizia isso.
          Depois de certo tempo parei pra pensar sobre essa expressão. Na verdade é uma forma mais segura e até mais correta de afirmar nosso ponto de vista sobre determinado assunto. Quando usamos “eu acho...” deixamos nossa afirmação sujeita a questionamentos. Parece que não temos total certeza do que estamos declarando ou que ansiamos que nossa opinião não seja levada em consideração para que, eventualmente, possamos nos abster das responsabilidades geradas por nossas declarações usando a desculpa de que desde o início estávamos propensos à dúvida.
         Quando utilizamos “penso que...” transmitimos segurança para nossa afirmação. O uso dessa expressão tende a gerar confiança na opinião e no indivíduo que a expressa. Que fique bem claro que eu não tenho a intenção de que minhas opiniões sejam consideradas irrefutáveis! Pelo contrário! Quero mais é que elas sejam discutidas e criticadas, pois acredito que é assim que construímos nossos conceitos.
         Enfim, desejo que esse blog seja um espaço livre e proveitoso a todos que o visitarem. Peço antecipadamente desculpas pelas futuras opiniões que eu venha a expor e que porventura ofendam alguém.
         Já ia esquecendo! No final de cada texto vou deixar uma frase para reflexão, uma sugestão de artista, um trecho de música ou livro que li e achei interessante. A primeira dica vai ser em homenagem a uma pessoa muito especial pra mim, que já não está entre nós: Larissa. É um livro de Khaled Hosseini (mesmo autor de “O caçador de pipas”) que chama-se “A cidade do sol”. Trata-se da história de duas mulheres afegãs que se passa na época da invasão russa no Afeganistão. É uma história envolvente que nos desperta as mais diversas emoções. Vale a pena dedicar-se a essa leitura!

Pedro Igor Nascimento