A garotinha e o sanduíche

sábado, 16 de julho de 2011

... hoje eu aprendi o que é ser paciente.
Estava eu na fila do Subway no São Luís Shopping aguardando a minha vez de ser atendido. Olhei uma menina loira de mais ou menos 7 anos lá na frente, parada com os braços cruzados sobre a vitrine. Imaginei que ela estivesse acompanhada com algum adulto que se encontrasse à minha frente, então nem dei bola.
            Chegou a minha vez de ser atendido e a menininha continuava lá. Parada e de braços cruzados em cima da vitrine admirando o queijo, o presunto... Parecia que ela não tava com pressa nenhuma. Logo depois dela, uma moça se distanciou pra pagar o seu sanduíche. Vendo que a menina continuava parada, admirando a vitrine, eu disse:
            - A moça já tá lá na frente. Tu não vai com ela?
            A menina respondeu num tom bem paciente e hilário:
            - Não! Eu queria que a mulher me atendesse, mas ela não me vê porque eu sou menor do que o balcão. Por isso que eu tô aqui parada. Pra ver se ele me enxerga!
            Não agüentei. Morri de rir! Chamei a atendente e disse que tinha uma garotinha que queria ser atendida, mas ainda não havia sido porque era menor do que o balcão e ninguém a via. A fila inteira – que estava consideravelmente grande – riu em peso! Um casal que estava logo atrás confirmou que a menina já estava lá há um bom tempo e cedeu a sua vez a ela. Enquanto isso, meu sanduíche já havia ficado pronto, mas naquela situação, não tive coragem de deixar a menina sozinha. Foi então que perguntei:
            - Qual sanduíche tu quer?
            - Quero o de frango. O baratíssimo. – respondeu ela cheia de convicção.
            Nessa hora, já tava a fila inteira prestando atenção em nós dois. Ela continuava bem séria enquanto eu fazia o papel de interlocutor entre ela e a atendente. Passei pro próximo item:
            - Qual o pão que você quer?
            - O de parmesão e orégano – respondeu ela prontamente.
            Enquanto o sanduíche ia pro forno, ela vira pra mim e diz:
            - Onde eu moro, lá em Teresina, o balcão é alto, mas a mulher me atende! Nesse aqui, ela não me vê!
            Como de praxe, quando o sanduíche volta do forno, ele passou pra outra atendente que, por sua vez, perguntou pra mim se aquele sanduíche era meu. Mantendo a calma, a garotinha me olha e diz:
            - Diz pra ela que o sanduíche é meu!
            Depois de transmitir o recado à atendente, perguntei pra menininha:
            - O que você quer no seu sanduíche?
            - Alface e tomate – respondeu a menina sem nem olhar pros ingredientes ou pro cardápio.
            - Você não quer picles? Cebola?
            - Não! É ruim! – respondeu ela.
            - Então tá. Que molho você quer?
            - Parmesão e maionese. – respondeu ela de pronto.
            Findada a montagem do sanduíche, ela bate no meu braço e diz:
            - Diz pra moça que é pra viagem! E que eu quero uma Coca-Cola num copo pequeno.
Eu, mais uma vez, repassei o pedido pra atendente que, por sua vez, foi colocar o refrigerante da menina. A garotinha mais uma vez solta uma das suas:
- Lá em Teresina a gente que bota nosso refrigerante!
- Aqui também era assim até outro dia. – respondi.
A atendente me diz que o lanche deu R$ 8,00. A menina me passa prontamente R$ 10,00, pega o sanduíche e vai saindo. Eu digo:
- Ei! Tu não vai esperar teu troco?
- Ih, é mesmo! Ia esquecendo!
            Depois que entreguei o troco, a garotinha abri um sorriso e diz:
            - Brigado!
            Dito isto, saiu ela serelepe e saltitante em direção à praça de alimentação lotada e em meio aos olhares de todas as pessoas da fila do Subway que acompanharam a sua saga pra comprar um sanduíche.
            E eu? Eu fui embora com uma certeza: paciência combina com determinação. Aquela garotinha que ajudei e nem me dei ao trabalho de perguntar o nome deu uma aula de paciência e determinação a todos que perdem a paciência e desistem das coisas com facilidade.

Frase do dia:
"Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem."
John Quincy Adams


Pedro Igor Nascimento

Meu dia em 318 palavras...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

             ... é chegada a hora de repensar a educação que está sendo oferecida às crianças do nosso país. Hoje fui aplicar um programa da Junior Achievement na escola estadual Artur Azevedo. É repugnante o descaso dos governantes com a educação. Não há UM ÚNICO ventilador nas salas, não há lâmpadas nas salas, não há torneiras nas pias do banheiro, não há descargas nos banheiros, não há nada na escola. Os alunos imploram para serem liberados mais cedo porque além de não ter merenda escolar, não há também lanchonete pra “matar” a fome das crianças. Crianças do 6º ano mal sabem ler. Realizar operações básicas de matemática, então... Sem falar na "água" que passa muito longe de ser potável!
Saindo da escola presenciei uma cena típica de bullying. Uma roda de crianças atribuindo os mais diversos apelidos à uma menina. Isso por ela ser gordinha. Ela corria atrás dos "colegas" para agredí-los e estes, por sua vez, só aumentavam o número de xingamentos. Aí algumas pessoas irão dizer: "Isso é coisa de criança! Toda criança faz isso!". O problema é que eles esquecem que os traumas não ficam nos agressores. Uma menina como essa vai levar pro resto da vida o trauma que sofreu quando criança.
É bem verdade que muitas irão superar esses momentos. Contudo, outras tantas vão ser eternamente atormentadas por esse fantasma. Aí, quando aparece um sujeito como o de Realengo, os agressores são os primeiros a apontar o dedo e pedir a crucificação do “psicopata”. Concordo que os traumas da infância não justificam tal massacre, mas EXPLICAM o mesmo.
Colocar a cabeça de alguém em um sanitário e dar descarga nunca foi brincadeira de criança! Depois não queiram exigir "padrões de normalidade" de pessoas traumatizadas pelo bullying! Meus filhos serão educados a respeitar os outros de forma igual, sem discriminações. Meu colega é diferente? Você também é, meu filho! Respeite-o como você gostaria de ser respeitado!