Imparcialidade: mera utopia

segunda-feira, 3 de maio de 2010


A imparcialidade é um dos atributos que mais se exige de um operador jurídico. É esperado que um juiz, no momento de decidir sobre um futuro de um réu, tire da balança da justiça todos os seus preconceitos. Pena que tal necessidade, às vezes, tornasse uma utopia.
Em casos de homicídios de grande repercussão nacional é comum e até mesmo esperado, que a mídia espalhe em seus noticiários, informações do caso e chegue até a condenar os réus sem ao menos lhes concederem amplo direito de defesa. Em situações como essas é que a imparcialidade deve preponderar sobre qualquer pensamento valorativo que seja relacionado com o caso. É de atribuição do juiz e dos jurados analisarem os fatos como eles são e perceber as conseqüências que tais fatos geraram, deixando de lado todos os juízos que carregam consigo.
Entretanto, durante a construção de tal necessidade, surge o questionamento: será realmente possível abandonar todos os valores familiares, religiosos e morais com os quais fomos embebidos desde a infância e conseguir enxergar a realidade com os olhos de um recém-nascido absorto de qualquer educação valorativa?
Acredito que seja impossível abortar nosso senso moral e de justiça perante à situações que exijam imparcialidade, mesmo sabendo que sem ela corremos o risco de nos perdemos no tortuoso caminho que separa o certo do errado e acabar deixando a justiça “cega”.